Tem dias que não é fácil
14:07(e eu não vou dizer que tá tudo bem, porque todo mundo tem direito a ter dias de merda)
Photo by meredith hunter on Unsplash
Hoje eu chorei. Era hora do almoço, eu estava olhando o meu prato de arroz, feijão, um bife e dois pasteizinhos de vento. E chorando. O motivo do choro é porque eu vi algumas modelos na fila do quilo do restaurante do prédio aonde eu trabalho, todas novas, todas altas, todas magras, todas com o mesmo corte de cabelo e a maioria com californianas no cabelo. Confesso que parte do meu sumiço é porque eu estava passando por uma semana bem difícil na minha aceitação.
O outro gatilho tinha sido a balança. O sindicato estava com uma equipe para fazer algumas atividades na minha agência, massagem, avaliação postural e um exame que media o quanto pesava cada lado do seu corpo. Todo mundo se pesando e mostrando a avaliação para mostrar o quão equilibrado ou “torto” estavam e eu só pensando que se eu me pesasse eu saberia o quanto mais pesada eu estaria em comparação com o peso que eu acho que eu tenho na minha cabeça e quanto aquilo iria me frustrar e me derrubar. Eu nem me pesei e já estava na merda por causa de um número imaginário.
Gatilhos.
Esse texto pode ser um gatilho. Ele pode ser uma lembrança que o caminho da aceitação tem os seus dias ruins, e eu tento pensar positivo, ver mulheres gordas que eu acho lindas para ver se entra de vez na minha cabeça que não são só as modelos que eu vi no almoço a única beleza possível. E racionalmente eu sei. Enxergar beleza nas outras pessoas é muito fácil, mas encarar o espelho não. Enxergar no reflexo os anos de bullying e a gordofobia introjetada na gente é doloroso, ainda mais doloroso porque a gente sabe que é errado.
Tá errado. E eu vou fazer o quê para mudar?
Eu tento fazer uma mudança no cabelo, raspar a lateral, pintar as raízes, mudar o corte, conversar com pessoas que me fazem bem (holla, Isabelle, estoy hablando de ti <3). A gente pode ficar tristinha, a gente pode ficar na merda, mas a gente não pode parar de cuidar da gente.
Desculpa a bad vibe e não desistam de mim.
Beijos,
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