Mas você é tão bonita
14:04
Essa semana eu vi uma menina, talvez não tivesse mais do que dezenove anos, reclamando que os pais faziam de tudo para ela emagrecer, inclusive pagar um a nutricionista para “oferecer um tratamento de graça” para ela. Era num grupo que as pessoas se sentam bastante a vontade para desabafar e todos os comentários eram como ela era bonita.
Eu já estive muitas vezes na pele dessa menina, sempre tinha quem me consolasse dizendo que eu era bonita, como era um troféu de consolação, eu com um monte de minhoca na minha cabeça por causa de um padrão irrealizável dos meus pais ou das pessoas ao meu redor ou meu mesmo, me sentindo insuficiente porque meu corpo era considerado inadequado e isso tudo afetando todas as esferas da minha vida, mas para aquelas pessoas que jamais me viram eu era bonita.
As pessoas falam de beleza, mas autoestima não é sobre beleza.
Eu precisei emagrecer muito e perder o cabelo e a pele lisinha e a saúde para entender que não é sobre beleza. O sentimento de inequação não me largou por um minuto porque eu sabia que a minha magreza poderia se perder num momento de distração. Tinha medo de perder a minha felicidade que haviam me prometido quando eu emagrecesse, mas eu nunca resgatei esse prêmio.
“Everytime I though that I’d got it made, it seemed to taste it was not so sweet”(toda vez que eu achava que eu tinha conseguido, parecia que não era tão doce — Changes, David Bowie)
A questão é: nunca ser suficiente. Em nada. Só porque você é/tem: ( insira aqui sua insegurança).
Eu tô falando de tamanho de corpos, mas pode ser sobre qualquer coisa. Eu tive que entender que a minha insegurança afetava minha percepção sobre outras coisas além do pessoal e eu tive que entender que ser tão crítica comigo mesmo me fazia mal e eu precisava parar.
Aceitação é um caminho longo, muito longo, muito dolorido. E não tem ABSOLUTAMENTE NADA sobre ser ou não bonito, mas entender que há muito mais em mim (e em você) do que apenas estética e isso é incrível.
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